quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Do Massacre à Rota

No dia 2 de outubro de 1992, no mínimo 111 homens presos e desarmados foram brutalmente executados por policiais militares fortemente armados, fato nomeado historicamente como o “Massacre do Carandiru”.
O extermínio foi objeto de inúmeros protestos e, inclusive, de representação por entidades da sociedade civil organizada junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que, em 2000, dentre outras recomendações, apontou a imprescindibilidade de “realizar uma investigação completa, imparcial e efetiva a fim de identificar e processar as autoridades e funcionários responsáveis pelas violações dos direitos humanos assinaladas nas conclusões deste relatório”.
Passados quase 20 anos do Massacre e quase 12 anos do relatório lavrado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, os responsáveis pelo Massacre seguem impunes. A questão se torna ainda mais grave quando se observa que, no lugar de serem responsabilizados, alguns têm sido absurdamente promovidos.
Recentemente, Salvador Modesto Madia, responsável por 78 execuções no 2º andar do Pavilhão 9 do Carandiru em 2 de outubro de 1992,  foi nomeado pelo Governador de São Paulo para o comando das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar - ROTA. Cumpre lembrar que a ROTA é um destacamento atuante nas periferias de São Paulo que, apesar de não chegar a corresponder a 0,5% de todo o efetivo da Polícia Militar, é responsável por cerca de 20% dos homicídios cometidos por essa corporação.
Essa nomeação não é apenas mais um deboche àquelas e àqueles que lutam para preservar a memória dos 111 que tombaram completamente indefesos há quase 20 anos e para a responsabilização daqueles que ordenaram e executaram o massacre; é, sobretudo, uma demonstração clara de que o Governador Geraldo Alckimin abriga e adota em seu governo a política impudica de extermínio da população pobre, negra e das periferias (a mesma que norteava o Governo de Fleury, herdeiro dos anos de chumbo promovidos pela Ditadura Civil-Militar).
A nomeação tem, ao menos, uma vantagem: põe a nu a opção política do Govenro estadual de incentivo ao massacre das pessoas que (sobre)vivem às margens do terreno da cidadania e do reconhecimento de direitos. A REDE 2 DE OUTUBRO seguirá firme na luta, cobrando não apenas a responsabilização dos carrascos de 2 de outubro de 1992 e de seus mentores dos altos escalões do Estado, mas também a responsabilização daqueles que ainda hoje prestigiam essa política higienista e facínora.

REDE 2 DE OUTUBRO – PELO FIM DOS MASSACRES