Vinte e oito réus serão julgados no dia 28 de janeiro do ano
que vem pelo massacre de 1992 na Casa de Detenção
O Estado de S. Paulo
Texto atualizado às 22h10. SÃO PAULO - A 2ª Vara
do Júri marcou para o dia 28 de janeiro do ano que vem o julgamento de parte
dos réus acusados de terem participado do chamado massacre da Casa de Detenção
do Carandiru, no dia 2 de outubro de 1992, que deixou 111 detentos mortos. A
decisão foi do juiz José Augusto Nardy Marzagão e ocorre às vésperas do caso
completar 20 anos.
O julgamento deve ocorrer no Fórum Criminal da Barra Funda,
na zona oeste. O juiz do caso negou o pedido da defesa de realizar o confronto
balístico das armas. Segundo o Instituto de Criminalística, o tempo decorrido
desde que o episódio impossibilita a realização do exame. Nesse dia irá a juri somente a tropa comandada pelo capitão Ronaldo Ribeiro dos Santos, que atuou no 2º pavimento, comandando 26 homens. Eles são acusados de matar 15 pessoas.
Vinte e oito réus serão julgados: Ronaldo Ribeiro dos
Santos, Aércio Dornellas Santos, Wlandekis Antônio Cândido Silva, Roberto
Alberto da Silva, Joel Cantílio Dias, Antonio Luiz Aparecido Marangoni, Valter
Ribeiro da Silva, Pedro Paulo de Oliveira Marques, Fervásio Pereira dos Santos
Filho, Marcos Antônio de Medeiros, Haroldo Wilson de Mello, Luciano Wukschitz
Bonani, Paulo Estevão de Melo, Roberto Yoshio Yoshicado, Salvador Sarnelli,
Fernando Trindade, Antônio Mauro Scarpa, Argemiro Cândido, Elder Taraboni,
Sidnei Serafim dos Anjos, Marcelo José de Lira, Roberto do Carmo Filho, Zaqueu
Teixeira, Osvaldo Papa, Marcos Ricardo Polinato, Reinaldo Henrique de Oliveira,
Eduardo Espósito e Maurício Marchese Rodrigues.
O julgamento vai ocorrer por etapas, sendo divididos de
acordo com os pavimentos onde morreram os detentos do Pavilhão 9, do Carandiru.
O prédio tinha 5 pavimentos e cada tropa atuou em um deles. Os processos vão
diferir conforme o número de mortos ocorridos em cada um dos pavimentos. O 2º
Pavimento, comandado pelo capitão Valter Alves Mendonça, foi o que registrou
maior número de mortos. Foram 73 no total.
Ubirantan. Em 2001, o coronel Ubiratan Guimarães foi
condenado a 632 anos de prisão por comandar a ação no Carandiru, mas em
fevereiro de 2006 o Tribunal de Justiça de São Paulo reinterpretou a decisão do
2.º Tribunal do Júri e decidiu absolver o coronel. Ubiratan foi morto em
setembro de 2006 com um tiro na barriga, em seu apartamento nos Jardins, região
nobre de São Paulo.
Carandiru. A Casa de Detenção foi inaugurada em 1956
pelo então governador Jânio Quadros. O projeto inicial era de
abrigar até 3.250 presos, mas com o passar dos anos a capacidade máxima
foi ampliada para 6.300. No início da década de 90, a população oscilou
perto dos sete mil.
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